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A Saudade

Crônica - A Saudade

Crônica – A Saudade

Crônica - A Saudade

Foto: S. Hermann & F. Richter

O avançar da idade inventou a saudade. É, isto é a realidade. O viver é proporcional ao acúmulo de saudade. Quanto mais se vive mais armazenamos lembranças em nossa memória.

A bem da verdade, saudade é uma lembrança boa. É aquele passado que parece não ter ficado para traz, pois insiste em nos fazer lembrar. E a pessoa idosa, de uma maneira geral, é a que mais fala do passado. Não que o presente não seja bom, mas porque no passado se era jovem e, o jovem é mais eloquente, mais alegre, mais irresponsável. É, a responsabilidade tolhe muito a vida. Ela nos põe grilhões na conduta e nos nossos atos. E, a autocensura então, nem se fala, coíbe por demais a nossa criatividade! Isto não pode, somente aquilo pode; não faça assim, faça assado; pense bem, senão já viu!; não diga nada, boca fechada não entra mosquito; etecetera, etecetera….

No entanto, o jovem pode, faz, não pensa muito, fala e diz o que quer. A criança, então, é mestra na imprevidência; faz, fala e acontece, sem se lixar com as consequências. É livre como a brisa que entra e sai onde quer, mesmo sem poder. No entanto, é dependente.

Quanto mais distante é o tempo passado, menos a saudade aperta. Deste modo, as reminiscências da infância são mais distantes e, por conseguinte, mais ausentes na nossa nostalgia. Em nossa memória a juventude é mais presente que a infância. No alvorecer da vida não se tem tanta percepção do saborear da existência. Você vive e pronto; somos dependentes da paternidade. Já na juventude você amadurece o viver. A gente namora, estuda, continua a brincar, passeia e tudo sem depender muito dos pais. Somos mais livres. Assim, se degusta bem mais o sabor do cotidiano.

Ninguém se desvanece do passado. É impossível passar uma borracha nas páginas do livro da vida. Nele, o que se escreve, permanece na história da existência. No entanto, a vida nos possibilita se redimir dos erros do tempo passado, edificar o nosso presente, para gerarmos frutos e somente saudade no futuro. E, no sempre, o bom senso é fundamental, para se ter somente o recordar feliz.

Viver não é existir. Saber viver é prestar ouvidos no passado, se alimentar da plenitude do presente e ter olhos para o amanhã.

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