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Crônica – O nosso cotidiano

Dia haverá em que eu não vou mais me importar com a vida. Estarei distante do mundo e das coisas. Sei lá, o viver anda muito difícil e contraditório com os meus valores do berço. Quero o mundo como aprendi de meus pais – justo, honesto e verdadeiro. Sem armadilhas, sem percalços ou surpresas desagradáveis.

Ainda há pouco, ao invés de me absorver por uma boa leitura, liguei o televisor para me inteirar dos acontecimentos do cotidiano. O noticiário estava repleto de notícias infames: assaltos, crimes, roubalheiras, descaso com a natureza; autoridades que ao invés de nos representar e buscar uma vida digna para todos, assaltam o erário, contradizem a natureza e não cumprem o prometido pelas campanhas que antecedem as eleições. Os cárceres andam superlotados e ainda restam muitos meliantes nas ruas, nos lares, nos escritórios, nas empresas e, principalmente, no poder público.

Já sou um septuagenário sem mais a obrigação de eleitor. Às vezes, após estas notícias escabrosas, penso, não vou mais votar nesses bandidos. Daí advém o dever cívico que nos impõe a cidadania; se nós, cidadãos de bem, educados para servir sem amealhar os bens do próximo, com valores como a honestidade e o trabalho, nos abstivermos da obrigação eletiva na liderança social, deixaremos que a edificação da sociedade fique nas mãos dos párias.

Neste intento, apesar do meu preâmbulo – empreender a inércia e a ausência da vida – busco olhos em meus filhos, meus netos e me advém a coragem e o destemor. Não, não vou me ausentar da luta renhida que não abate os fortes! Espero continuar a combater as desigualdades, as injustiças, as diferenças sociais e o descaso com a natureza. A vida clama por mudanças e quero ser participativo, mesmo através do meu escrever. Trocar a piedade pela fraternidade, buscar a inclusão dos desvalidos, asseverar as verdades, fazer cumprir a justiça social, preservar esta natureza magnânima e punir a desonestidade.
Ainda tenho duas armas poderosas – meu voto e minha pena!

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