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Verso – Eu e mecê

Mecê sempre me dizia,

quando eu morava com ocê,

que num havéra euforia,

pra me livrá eu de vancê.

Mas o tempo, quem diria?,

me separou eu de vancê.

Passa a noite, passa o dia

e eu não vivo mais com ocê.

Ocê deixou o meu ranchinho,

prá mode a vida mais vivê.

Se esqueceu desse carinho,

qu’eu sempre tive por vancê.

Ocê partiu, assim de repente,

sem despedida minha procê,

largando um vazio na mente,

deste que só pensa n`ocê.

Essa sodade matadeira

da lembrança de vancê,

é dor de morte derradeira

no coração que é só d’ocê.

Se acaso ocê quisé vortá,

eu fico ansiano por vancê.

Largo, num vô mais trabaiá,

paro em casa, esperano ocê.

Mas se ocê nunca vortá,

eu prometo prá vancê:

prá ninguém mais vô oiá,

só prá d’ocê nunca esquecê.

Imagem: detalhe da obra de Almeida Junior “Caipira picando fumo – 1893”

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